O caso que apura o desaparecimento de R$ 25 milhões do patrimônio de Antenor Angeloni — então com 87 anos e já apresentando limitações cognitivas — chega à fase decisiva no Judiciário. Segundo o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), o episódio está longe de ser fruto do acaso.
De acordo com a acusação, Vandressa Salvador Cesca e sua mãe, Maria Inez Salvador Cesca, teriam se aproveitado da vulnerabilidade do idoso para arquitetar uma operação financeira que resultou no redirecionamento praticamente total dos bens de Angeloni. O MP afirma que Vandressa orientou o empresário a abrir uma holding em seu nome e, logo depois, conduziu a transferência quase integral do patrimônio para essa empresa recém-criada.
Em seguida, ainda conforme o órgão, Vandressa adquiriu a holding por R$ 100 mil — valor considerado absolutamente incompatível com o montante real dos ativos que passaram ao seu controle. Para os promotores, trata-se de um negócio fora de qualquer normalidade.
A denúncia destaca ainda o uso do cartão de crédito do idoso para diversas compras, incluindo eletrodomésticos entregues diretamente no endereço de uma empresa ligada à ré. Para o MP, o conjunto das ações revela um padrão claro de aproveitamento da fragilidade da vítima, resultando em expressivos ganhos econômicos para as acusadas.
Diante desse cenário, o Ministério Público pede a condenação das duas: penas que podem ultrapassar nove anos de reclusão para Vandressa e quatro anos para Maria Inez. Encerrada a fase de instrução e manifestações das partes, o processo segue agora para a sentença, momento em que caberá ao juiz determinar se a sequência de movimentações financeiras configura coincidência, má gestão ou, como sustenta a acusação, crime comprovado.